Restrospectiva 2020: Protagonismo no combate à pandemia marca ano do Nupad


Num ano que impôs inúmeros desafios para os setores da saúde, o papel do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), órgão complementar da Faculdade de Medicina da UFMG, se mostrou ainda mais relevante. Com toda a sua experiência e excelência em pesquisa, ensino e extensão para apoio diagnóstico, o Núcleo se mobilizou rapidamente para auxiliar no diagnóstico da covid-19 no estado, colocando-se, mais uma vez, à serviço da população.

Mais de 130 mil testes de RT-PCR do setor público e saúde suplementar já foram realizados pelo Laboratório de Genética do Nupad. Apenas um mês após a Organização Mundial da Saúde decretar a pandemia, em março, o órgão conseguiu se adaptar para a realização de 120 testes por dia. Isso, somente na primeira semana. Até o final do mês de abril, a capacidade era de pelo menos mil exames por dia.

Tudo isso com um desafio a mais: manter a execução do Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG) em pleno funcionamento. O Núcleo é responsável pela realização dos exames de triagem neonatal, oferecidos para todas as crianças nascidas nos 853 municípios de Minas Gerais de forma gratuita, independentemente de condição social.

O diretor do Nupad, professor José Nelio Januario, explica que a experiência prévia da equipe com técnicas moleculares favoreceu um rápido e crescente número de testes. Além disso, foram necessários investimentos para instalação de novos equipamentos com maior capacidade de processamento e contratação de profissionais de laboratório com experiência nesta área.

“O apoio pleno da Diretoria da Faculdade foi o principal fator para essa adaptação”, avalia o diretor do Nupad. Segundo ele, a Reitoria da UFMG fez uma importante captação de recursos junto ao Governo Federal e conseguiu recursos para que seus laboratórios apoiassem o Governo do Estado na realização dos testes em uma primeira fase que está para concluir. “Espera-se que seja mantido o financiamento necessário para as atividades não sofram interrupção”, almeja.

União de esforços

A mobilização do Nupad em diferentes frentes também foi importante para que o Núcleo conseguisse se adaptar rapidamente ao novo cenário. “Toda a estrutura administrativa voltou-se principalmente a garantir a compra dos insumos necessários diante de uma grande escassez no mercado. Ele acrescenta que a equipe de Tecnologia da Informação procurou apoiar o laboratório na fase pré-analítica, analítica e pós-analítica”, conta José Nélio Januário.

Foto: Bruna Carvalho

O Núcleo também uniu esforços com outros laboratórios e passou a integrar, em julho de 2020, o Programa Coolabs – Cooperativa de Laboratórios da UFMG, criado pela Reitoria da Universidade e administrada pela Fundep.

A cooperativa funciona em rede, otimizando recursos e agilizando a emissão dos resultados. De acordo com o diretor do Nupad, além dos testes RT-PCR os professores e técnicos compartilham experiências e vivências diversas no âmbito do enfrentamento da pandemia.

Em novembro, a cooperativa recebeu premiação da Confies, entidade que congrega as fundações de apoio a instituições de pesquisa, como a melhor iniciativa destinada ao combate à pandemia do novo coronavírus.

Excelência

Além do protagonismo no enfrentamento da pandemia, o Nupad obteve conquistas importantes, que atestam a excelência do Núcleo e o contínuo aprimoramento do trabalho desenvolvido. Em agosto de 2020, por exemplo, o órgão recebeu o relatório da auditoria externa anual para manutenção do certificado da norma ISO 9001:2015 e elevou a nota de maturidade da Gestão de Riscos, área foco, e 2 para 4, em uma escala que vai de 1 a 5.

 

“Significa um enorme avanço no controle dos processos internos, favorecendo a qualidade dos exames, em sua maioria dirigidos ao setor público do estado. Dentro do contexto da certificação, a nota de maturidade para Gestão de Riscos subiu de 2 para 4, sendo um bom indicador desse avanço”, comemora o diretor.

O Núcleo também foi destaque em outras frentes não menos importantes que a pandemia. Em novembro, o órgão complementar iniciou dois projetos pilotos para verificar a frequência de outras doenças genéticas na população. Agora, além de hipotireoidismo congênitofenilcetonúriadoença falciforme, fibrose císticadeficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita, os recém-nascidos podem ser testados para defeitos de beta-oxidação dos ácidos graxos e síndrome da imunodeficiência combinada grave (SCID).

Esses resultados podem subsidiar a decisão da gestão sobre a ampliação do teste do pezinho, incluindo a detecção dessas alterações.

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