Seminário aborda controle da toxoplasmose congênita no Estado

Seminário eletrônico discute a toxoplasmose congênita. (Crédito: Bruna Carvalho)
Seminário eletrônico discute a toxoplasmose congênita. (Crédito: Bruna Carvalho)

Seminário eletrônico realizado pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), no dia 21 de fevereiro, reuniu profissionais de saúde de todo o Estado para tratar do Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita em Minas Gerais. Com o objetivo de capacitar referências técnicas e profissionais da rede de atenção primária e de assistência ao pré-natal de alto risco, o evento apresentou elementos organizacionais do Programa, aspectos epidemiológicos da toxoplasmose congênita e a importância do acompanhamento obstétrico no controle e prevenção da patologia.

A toxoplasmose, infecção causada pelo parasito Toxoplasma gondii, pode ser adquirida pelo homem pela ingestão de cistos, presentes em carnes cruas ou mal cozidas, ou oocistos, eliminados nas fezes dos gatos domésticos ou selvagens e que contaminam água, solo e alimentos ingeridos crus. Quando a mulher adquire a toxoplasmose durante a gestação, o feto também pode ser infectado, configurando a toxoplasmose congênita. Neste caso, o desenvolvimento fetal pode ser comprometido e a criança pode apresentar graves lesões visuais, auditivas e neurológicas.

Gláucia Andrade em apresentação durante seminário.(Crédito: Bruna Carvalho)
Gláucia Andrade em apresentação durante seminário.(Crédito: Bruna Carvalho)

Diante dessa realidade, o Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita em Minas Gerais, coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) em parceria com o Nupad, possibilita que gestantes de todo o Estado realizem gratuitamente os testes para o diagnóstico precoce da toxoplasmose. “Nesse caso, a futura mãe pode ser tratada durante a gravidez e se, apesar do tratamento na gestação, a criança nascer com a toxoplasmose congênita, é possível tratá-la para diminuir a gravidade das manifestações da doença”, explicou a professora adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina e consultora técnica do Nupad no Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita em Minas Gerais, Gláucia Andrade.

Prevenção e protocolo

Além do diagnóstico precoce, o Programa também identifica as gestantes com risco de adquirir a infecção ao longo da gestação, consideradas suscetíveis. Elas são alvo de medidas educativas e orientações para evitar a exposição ao parasito causador da doença. “A prevenção primária é a única forma de realmente evitar a toxoplasmose durante a gravidez”, alertou a professora associada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina e pesquisadora do Nupad, Regina Amélia Aguiar. Segundo ela, a prevenção é papel de todos os profissionais de saúde: “Desde o agente comunitário de saúde até o profissional especializado, todos devem orientar as gestantes sobre as medidas profiláticas, seja durante consulta ou visita domiciliar”.

Mônica Vallone em apresentação durante seminário. (Crédito: Bruna Carvalho)
Mônica Vallone em apresentação durante seminário. (Crédito: Bruna Carvalho)

Atualmente, a adesão ao Programa é de 55% das gestantes atendidas pela rede pública, mas a meta é que esse número aumente até o fim do ano. “Nosso objetivo é alcançar 100% das gestantes em 2014″, observou a coordenadora estadual do Programa Nacional de Triagem Neonatal e de Atenção à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente da SES-MG, Mônica Vallone. Para o diretor do Nupad, José Nelio Januario, o Programa apenas terá êxito quando todas as mães suscetíveis forem identificadas: “A medida profilática é o principal e conseguiremos isso com a colaboração dos profissionais e famílias, a partir da mudança de hábitos”.

O protocolo clínico que organiza os critérios para o diagnóstico laboratorial da toxoplasmose durante a assistência pré-natal foi apresentado por Gláucia Andrade: “Ele contém fluxogramas que permitem identificar as gestantes suscetíveis, as gestantes com infecção aguda e ainda as crianças com toxoplasmose congênita, para o tratamento e redução das sequelas”. Os testes diagnósticos propostos neste protocolo estão disponíveis para todos os municípios do Estado.

O Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita em Minas Gerais está em vigor desde fevereiro de 2013 e faz parte do Programa Mães de Minas, conjunto de ações de saúde do Estado voltado para a proteção e o cuidado da gestante e da criança no primeiro ano de vida. Até o momento, mais de 83 mil gestantes foram triadas, sendo mais de 45 mil consideradas suscetíveis para a toxoplasmose.

Cuidados para evitar a toxoplasmose:

  • Comer carne bem cozida
  • Comes frutas e verduras bem lavadas com água tratada
  • Beber água tratada ou fervida
  • Beber leite fervido ou pasteurizado
  • Lavar as mãos após mexer com terra, areia ou carne cruas (preferencialmente utilize luvas para essas atividades)
  • Proteger os alimentos de moscas e baratas
  • Evitar limpar fezes de gatos sem as luvas