
A dona de casa Raquel Cordeiro, 43 anos, moradora de Poços de Caldas (MG), é mãe de quatro filhos e já passou por duas cirurgias para a retirada de nódulos no seio. Agora, se prepara para o terceiro procedimento. “Não tenho medo, o que tiver que enfrentar, enfrento”, diz, confiante.
A primeira experiência veio logo após ela dar à luz gêmeos, há cerca de cinco anos. No início, Raquel pensou que o caroço no seio era apenas um incômodo causado pelo leite parado. Mas, depois de se consultar com ginecologista, fazer a mamografia e biópsia, descobriu que, apesar de benigno, o nódulo deveria ser retirado.
Meses após, Raquel encontrou outro caroço na mama, desta vez maligno, indicando o início do câncer. “Como ainda era bem pequeno, não foi necessário quimioterapia, apenas a cirurgia. Mas meu médico alertou que se não tivesse percebido o nódulo há tempo, ele poderia ter crescido e evoluído rapidamente”, relembra Raquel.
Recentemente, outro nódulo foi detectado e, mais uma vez, a dona de casa enfrentará os mesmos procedimentos: “Farei novamente a biópsia e muito provavelmente passarei por outra cirurgia para retirá-lo”. Ela explica que hoje faz acompanhamento médico semestral para avaliação do quadro clínico. “Também participo sempre de palestras sobre o câncer de mama e tento passar para a minha filha mais velha tudo o que aprendo”, destaca.
Assim como Raquel, que acompanhava a sobrinha Maria Luiza em tratamento para a fibrose cística, outros responsáveis por pacientes da triagem neonatal estiveram no Centro de Educação e Apoio Social (Ceaps) do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), no dia 27 de outubro, e participaram de roda de conversa sobre o câncer de mama. A atividade, coordenada pelo enfermeiro Bernardo Romanelli, buscou informar sobre a doença e alertar para a importância do diagnóstico precoce. A ação faz parte do Outubro Rosa, mobilização mundial de conscientização sobre o tema.
Autoexame e mamografia
O autoexame dos seios, capaz de auxiliar o diagnóstico do câncer de mama ainda em fase inicial, deve ser realizado pela mulher todos os meses, idealmente a partir dos 20 anos.
A recomendação é que ele seja feito em frente ao espelho, observando-se o formato, tamanho e contorno das mamas; durante o banho, enquanto a mulher se ensaboa, o que permite que as mãos percorram melhor as mamas; ou enquanto a mulher estiver deitada, com uma toalha ou travesseiro abaixo dos ombros, para facilitar a apalpação. “Deve-se usar as pontas dos dedos, em movimentos circulares, iniciando na região externa superior da mama (perto da axila) até a aréola dos seios”, explicou Bernardo. A mulher deve também apertar o bico dos seios para verificar se é expelida alguma secreção.
Recomenda-se ainda que o exame ocorra aproximadamente uma semana após o término da menstruação, pois neste período as mamas encontram-se geralmente maiores e mais inchadas, endurecidas e doloridas, o que pode prejudicar a realização do autoexame.
Por sua vez, a mamografia, exame diagnóstico para o câncer de mama, é indicada para todas as mulheres a partir dos 40 anos e deve ser feita, pelo menos, uma vez ao ano.
Sintomas
Além do nódulo interno e da secreção, o câncer de mama apresenta outros sintomas perceptíveis por meio do autoexame. Entre eles estão a erosão de pele, vermelhidão ou ardor, veia crescente, afundamento do mamilo e assimetria dos seios.

Jóviana Maria, 25 anos, de Conceição do Mato Dentro (MG), também assistiu às explicações sobre a doença. Ela contou que após assistir a uma palestra em sua cidade, sobre o câncer de mama, aprendeu sobre o autoexame e os sintomas da doença. “Há seis meses estou com uma secreção no bico dos seios, mas só depois de ouvir a enfermeira, durante a palestra, decidi procurar uma ginecologista”, revela.
Colo do útero
Ainda relativo à saúde da mulher, a atividade do Ceaps abordou o câncer de colo do útero. A doença tem como principal causa a infecção pelo vírus HPV (papiloma vírus humano) e fatores como o início precoce da atividade sexual, diversidade de parceiros e má higiene íntima, entre outros, podem facilitar a infecção.
Como alertou Bernardo, as lesões que precedem este câncer não têm sintomas, mas podem ser descobertas por meio do exame preventivo conhecido como Papanicolaou. Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%. Além disso, vacinar-se contra o HPV é também medida eficaz para a prevenção do câncer de colo uterino.
O exame preventivo deve ser realizado pela mulher logo após o início da vida sexual, pelo menos uma vez ao ano.