Os 22 anos do Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG) foram tema de tese de doutorado defendida pelo diretor geral do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), José Nelio Januario, no dia 17 de abril, junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade.
Segundo José Nelio, professor do Departamento de Clínica Médica da instituição, a proposta do estudo foi contextualizar histórica e institucionalmente o PTN-MG desde sua criação, em 1993, e apresentar resultados. “A intenção é organizar as diferentes facetas de uma experiência em saúde pública de 22 anos, alinhando-as em torno de um objetivo bem definido, e caracterizar com precisão o papel dos atores institucionais”, explica. Para o professor, trata-se do resgate de um trabalho coletivo: “É também uma prestação de contas à população do estado e aos parceiros institucionais, pela confiança depositada em nosso trabalho”.
A fim de exemplificar os resultados e a diversidade de metodologias do PTN-MG, o estudo apresentou quatro artigos produzidos por profissionais do Nupad. Entre os temas abordados estão a deficiência de biotinidase, a fibrose cística, a doença falciforme e a toxoplasmose congênita.
Atualmente o PTN-MG, gerido pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e coordenado tecnicamente pelo Nupad, alcança a marca de mais de cinco milhões de crianças submetidas, gratuitamente, ao teste de triagem neonatal, conhecido como teste do pezinho. Neste cenário foram diagnosticados cerca de cinco mil casos de doenças congênitas e genéticas, cujo tratamento e acompanhamento também são contemplados pelo Programa.
A tese, “Triagem neonatal em Minas Gerais: análise de seu contexto histórico e político-institucional com enfoque nas estratégias empregadas e resultados alcançados”, foi orientada pela professor Marcos Borato Viana e aprovada por banca formada pelos professores José Simon Junior (Universidade de São Paulo – USP), Henrique Gama Torres (UFMG), Ida Schwartz (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS) e Alzira Jorge (UFMG).
“Acredita-se que o estudo possa ter organizado os fatos e tecido as interconexões que, muitas vezes, ficam velados ou mal compreendidos quando não analisados na totalidade. Espera-se que esse esforço de análise venha estabelecer um novo patamar para aperfeiçoar a triagem neonatal em Minas Gerais e no país, facilitando a organização de estudos posteriores mais aprofundados sobre seus diferentes tópicos”, observa José Nelio.