Debate sobre atenção primária em MG é iniciado

O clima da abertura da Jornada Mineira de Atenção Primária à Saúde, realizada essa manhã, em Belo Horizonte, dentro do projeto “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde”, foi resumido na fala de Maria Zenó Soares, presidente da Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Belo Horizonte e Região (Dreminas): “O que me deixa satisfeita é saber que as ações e discussões trazidas para cá irão refletir diretamente na vida de nós (sic), pacientes de doença falciforme”.

Com o objetivo de fortalecer a atenção primária para o paciente com doença falciforme no Estado , o evento reúne, hoje e amanhã, cerca de 500 profissionais da Saúde, tutores e grupo técnico do projeto, colaboradores do Nupad e da Fundação Hemominas, gestores e técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), das secretarias municipais de saúde e representantes do controle social envolvidos com a temática.

“Esse evento é uma oportunidade de reflexão dentro da concepção da educação permanente, que é o objetivo do Projeto Linha de Cuidados”, afirmou o coordenador do Nupad, professor Jose Nelio Januario. Para ele, não é possível tratar a saúde de forma pontual, visitando um município, por exemplo, e deixando-o sem acompanhamento. “Precisamos ser ousados, e mostrar aos gestores, especialmente, que as pessoas precisam de uma atenção primária bem preparada. É notória a necessidade dessa rede”, reforçou.

O grande desafio, levantado por Marcílio Magalhães, da SES-MG, é organizar os processos de quem trabalha com atenção primária. A coordenadora da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme do Ministério da Saúde, Joice Aragão de Jesus, endossou. “Essa Jornada representa, em Minas Gerais, distâncias a serem vencidas, problemas de infraestrutura a serem superados. Temos que comemorar”, disse. Para Jose Nelio, coordenador do Nupad, essa é a oportunidade de questionar qual a forma de avançar. “Precisamos fazer além. Manter as formas de acompanhamento e monitoramento existentes e pensar em continuidade”, opinou.

Wagner Elias, da SES-MG, afirmou que o acompanhamento do paciente com doença falciforme deve ser realizado de forma contínua. Junia Cioffi, presidente da Fundação Hemominas, que atende 100% dos pacientes diagnosticados com doença falciforme em Minas Gerais pela triagem neonatal, reforçou que é necessário um acompanhamento especial e mais complexo do que de outras doenças. “A atenção deve ser integral. Esse paciente deve ser conhecido e inserido no SUS”, opinou.

Parcerias

Cada um dos presentes na mesa de abertura destacou o apoio dos parceiros na atenção primária ao paciente com doença falciforme. Jose Nelio destacou que o desenvolvimento de ações voltadas para a atenção primária ao paciente com doença falciforme só é possível graças ao apoio dos parceiros e à rede estruturada.

Ele citou a importância da parceria com o poder público, com financiamentos e estudos, e do controle social, sempre presente nas discussões e planejamentos. “A luta e a sensibilidade que está presente no controle social lado a lado do institucional que nos permite a realização de um bom trabalho”, frisou. “Aqui em Minas Gerais contamos com todas as instâncias do SUS e com a Dreminas. Só assim conseguimos avançar”, concordou Júnia Cioffi.

Joice Aragão, do Ministério da Saúde, destacou ainda que o trabalho realizado em Minas Gerais foi fundamental para a consolidação da política que está em processo de finalização para ser consolidada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). “Sem a UFMG, o Nupad e o Cehmob não seria possível chegarmos onde estamos”. O vice-diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, professor Tarcizo Nunes, lembrou da importância do Nupad para que a Faculdade leve benefícios à população. “Através do órgão, que celebra 20 anos de existência, nossas relações com o poder público são construídas, e as melhorias chegam às pessoas que precisam”.