Gravidez exige controle da toxoplasmose

Segundo estudo epidemiológico realizado em Minas Gerais, cerca de 40% das mulheres em idade fértil são passíveis de adquirir a toxoplasmose. A infecção, causada pelo parasita Toxoplasma gondii, normalmente não apresenta sintomas e causa pequenos riscos à saúde do adulto, mas pode resultar em sérios danos visuais, auditivos e neurológicos à criança quando transmitida pela mãe durante a gravidez. É a denominada toxoplasmose congênita.

Vânia Novato apresenta o Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita. Acervo Nupad.
Vânia Novato apresenta o Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita. Acervo Nupad.

O tema foi apresentado no dia 2 de dezembro, durante a Semana de Saúde do Trabalhador da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). A coordenadora do Laboratório de Triagem Pré-Natal do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), Vânia Novato, citou as principais formas de contaminação e prevenção da toxoplasmose: “É preciso divulgar informações sobre a doença, pois muita gente ainda não sabe nada sobre ela. Desde que se tenham todos os cuidados, é possível evitá-la”.

A toxoplasmose pode ser adquirida pela ingestão de alimentos lavados com água contaminada pelas fezes de gatos (principal hospedeiro do parasita), carne crua ou mal cozida de animais infectados, entre outros. Desta forma, para se prevenir, recomenda-se o consumo de água tratada, uso de luvas para manuseio de terra e da caixa de areia de felinos, limpeza cuidadosa das mãos, consumo de carnes bem cozidas e higienização de vegetais e frutas. “São cuidados básicos, que valem também para a prevenção de muitas outras doenças”, apontou Vânia.

Toxoplasmose e gestação

A mulher que adquire a toxoplasmose durante a gravidez corre o risco de transmitir ao feto a doença. “No início da gestação, o risco de transmissão é pequeno; por outro lado, se ela ocorre, a forma é grave, pois o feto ainda está no início de seu desenvolvimento”, explicou Vânia. Com a evolução da gravidez, as chances de contaminação do feto tendem a aumentar, mas os danos causados são menos graves: “Por isso, é necessário o monitoramento durante toda a gestação”.

Para controlar a toxoplasmose congênita, a Secretaria de Estado de Saúde (SEE-MG), em parceria com o Nupad, criou o Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita de Minas Gerais. Segundo a representante do Nupad, a iniciativa busca garantir a todas as gestantes do estado a realização gratuita dos testes para o diagnóstico precoce da toxoplasmose: “A ação possibilita identificar as gestantes com risco de adquirir a infecção e as orienta sobre como se prevenir. Caso a doença se confirme, o tratamento durante o pré-natal pode diminuir o risco de transmissão fetal e os danos para a criança infectada”.

No caso da gestante cujo teste comprove a infecção pela toxoplasmose anterior à gestação, a orientação é para que o pré-natal prossiga normalmente junto à unidade básica de saúde.