Videoconferência aborda gravidez e doença falciforme

Profissionais da UFMG e Cehmob-MG apresentaram o tema em atividade organizada pela Universidade Federal de São Paulo.

Sala de videoconferência no HC/UFMG. Foto: Rafaella Arruda
Sala de videoconferência no HC/UFMG. Foto: Rafaella Arruda

Com o tema “Gravidez e doença falciforme”, especialistas do Hospital das Clínicas da UFMG (HC/UFMG) e do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG) conduziram apresentação em videoconferência organizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A atividade, realizada no dia 4, foi transmitida para profissionais de diferentes instituições do país.

“A doença falciforme é uma das doenças hereditárias mais comuns no mundo e também uma das mais negligenciadas. Ela causa uma mortalidade muito alta na gravidez e, por isso, exige acompanhamento especializado”, declarou a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenadora do Setor de Gestação de Alto Risco do HC/UFMG, Regina Aguiar, na abertura da reunião.

Além da especialista, participaram da atividade a obstetra do Hospital Municipal Odilon Behrens, Vanessa Fenelon, que conduziu discussão sobre caso clínico, e a hematologista da Fundação Hemominas, Patrícia Cardoso. Elas abordaram, respectivamente, o acompanhamento obstétrico e hematológico da gestante com doença falciforme. Segundo Patrícia, algumas das complicações mais frequentes nessa situação são a obstrução dos vasos sanguíneos (vaso-oclusão), os infartos placentários, as infecções e a síndrome torácica aguda, causada por processos infecciosos ligados à vaso-oclusão nos pulmões. “A gestante com doença falciforme apresenta várias particularidades em todas as áreas clínicas, por isso deve ser atendida por equipe multiprofissional”, acrescentou.

Todas as profissionais fazem parte do “Projeto Aninha”, criado em 2008 pelo Cehmob-MG, parceria entre Fundação Hemominas e Nupad. A iniciativa, também apresentada durante a videoconferência, tem como objetivo acompanhar as gestantes com doença falciforme e compartilhar, entre os diversos profissionais de saúde, os conhecimentos relativos aos cuidados necessários para o atendimento a essas mulheres.

Participação pioneira

A UFMG foi a primeira instituição convidada pela Unifesp para conduzir, fora de seu âmbito, a reunião científica do programa de videoconferência, atividade da qual a UFMG participa desde 2015. A proposta de participação de outras Universidades na coordenação das apresentações, que têm como foco a obstetrícia patológica, teve início este ano. “Escolhemos o tema doença falciforme pela importância do assunto e para apresentar o Projeto Aninha que, dentro do objetivo da atividade, traz muito além da questão assistencial”, informa Regina Aguiar.

A médica cita também que essa foi a primeira vez que a videoconferência foi transmitida pelo RUTE – Rede Universitária de Telemedicina: “Isso significa que além das instituições que já participam do programa da Unifesp, cerca de 15, qualquer instituição do país que acesse a RUTE pode acompanhar a reunião. Amplia ainda mais o que já temos”.

As médicas Patrícia Cardoso, Regina Aguiar e Vanessa Fenelon. Foto: Rafaella Arruda.
As médicas Patrícia Cardoso, Regina Aguiar e Vanessa Fenelon. Foto: Rafaella Arruda.

Para Regina, conduzir a videoconferência amplia a visibilidade do trabalho desenvolvido em Minas Gerais no âmbito da doença falciforme e, a partir da troca de informação, permite a melhoria imediata da assistência. “Nós fazemos uma reunião muito interativa, comparamos as nossas rotinas e protocolos, então podemos trazer avanços para a nossa assistência e também contribuir com outras instituições. Mostrar esse trabalho é ainda melhor para as grávidas com doença falciforme que serão atendidas por essas instituições”, afirma.

Além dos médicos da Unifesp e UFMG, participaram da atividade, como debatedores, profissionais das Universidades Federais do Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Amazonas, Tocantins, Mato Grosso, Ceará, Universidade Estadual Paulista, Universidade do Vale do São Francisco, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Universidade de Brasília.