A importância dos testes neonatais para tratamentos precoces

Saúde com Ciência apresenta série especial sobre triagem neonatal e principais testes feitos após o nascimento

A triagem neonatal é realizada através da pulsão de sangue no calcanhar. Foto: Denise Reis

Ao nascer, o bebê é submetido a exames de triagem que visam atestar o seu desenvolvimento saudável, para tratar precocemente, caso necessário, doenças e distúrbios que possam interferir no seu futuro. Dentre os testes que monitoram a saúde do recém-nascido, há a triagem neonatal, reflexo vermelho, audiometria neonatal, do coração, dentre outros. O mais conhecido é a triagem neonatal, conhecida como teste do pezinho, realizada entre o terceiro e quinto dia de vida do bebê.

“É um exame de triagem, aquela criança que é chamada para uma consulta médica tem uma grande chance de ter determinada doença, que estamos pesquisando”, indica a pediatra e coordenadora acadêmica do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad) , Ana Lúcia Starling. O teste busca identificar seis doenças raras que não estão presentes no nascimento, revelando a importância de um diagnóstico e tratamento precoces, antes que haja o comprometimento da saúde da criança.

São elas: doença falciforme, hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. “Na verdade, você faz um teste do pezinho, mas são seis exames para seis doenças diferentes”, afirma Ana Lúcia. O teste é realizado através da pulsão de sangue no calcanhar, que é colocado em papel filtro e enviado ao laboratório. Lá, esse sangue é retirado e são feitas as dosagens. Desde 1993, quando o Nupad foi criado para implantar o programa de triagem neonatal de Minas Gerais, cerca de seis milhões de crianças realizaram o teste do pezinho.

Teste do reflexo vermelho
O teste do reflexo vermelho, também conhecido como teste do olhinho, busca atestar as capacidades visuais do bebê nos seus primeiros dias de vida. Para isso, a observação é feita através de uma bolinha vermelha ou rósea que pode ser percebida nas fotografias. “A luz precisa chegar à retina e, para isso, a parte anterior do olho precisa estar normal. Aquele olhinho vermelho é luz que vai até a retina, que é bastante vascularizada e é natural que vejamos a cor do sangue, o que significa que o olho está normal”, resume o professor aposentado do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Edison José Corrêa.

Um indicativo de problemas na visão ocorre quando é percebida uma mancha branca, que impede que a luz atravesse a pupila e chegue ao fundo do olho. Uma das principais causas desse problema é a catarata congênita.

Audiometria neonatal
A Audiometria neonatal, ou teste da orelhinha, tem como objetivo conferir as capacidades auditivas do bebê. O exame é feito através da observação das suas respostas a estímulos sonoros produzidos por um pequeno fone de ouvido, que é colocado na parte externa da orelha do bebê.

A detecção precoce de possíveis deficiências auditivas é importante, principalmente, em relação ao desenvolvimento da linguagem. Edison Corrêa cita como exemplo uma criança com baixo rendimento escolar, que pode apresentar problemas de audição desde o nascimento. “Se desde cedo a criança for estimulada, passar por um processo de amplificação, usar um aparelhinho de audição, ela terá um desempenho melhor e, inclusive, um rendimento escolar normal”, diz.

Teste do coração
Além dos exames anteriores, outro teste importante para atestar a saúde do bebê é o do coraçãozinho. Seu objetivo é verificar as condições do coração e fazer com que determinadas doenças sejam identificadas e tratadas em tempo hábil. O teste é capaz de diagnosticar cardiopatias graves, que podem não ser detectadas no exame clínico de rotina pela falta de sintomas. A cardiopatia congênita, por exemplo, atinge de oito a dez crianças entre mil nascidas vivas: dessas oito, duas nascem com cardiopatias críticas.

O exame é indicado para crianças entre as primeiras 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. “Nós vamos colocar um aparelhinho no pulso da criança para medir a concentração de oxigênio do sangue para determinar se é oxigênio arterial ou é uma mistura, a depender do valor obtido nessa oximetria, indicando se há alguma alteração cardíaca”, afirma a professora aposentada do Departamento de Pediatria da Faculdade e médica do Hospital das Clínicas da UFMG, Zilda Maria Alves.

O teste do coração deve ser uma rotina de toda maternidade, já que pode detectar doenças graves e, sem ele, pode não haver tempo para o diagnóstico correto do quadro, evoluindo rapidamente para óbito. “Esse é um teste para detectar cardiopatias graves, críticas. Nosso objetivo é detectar cardiopatias que levam a óbitos precoces, que dependem do fluxo sanguíneo pelo canal arterial”, afirma a pediatra.

Sobre o programa de rádio
Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.