Jornada Mineira é encerrada com perspectiva de continuidade

A Jornada Mineira de Atenção Primária à Saúde chegou ao fim após intensos debates sobre as estratégias de capacitação e atuação dos profissionais de saúde na assistência às pessoas com doença falciforme. O evento foi realizado nos dias 12 e 13 de setembro em Belo Horizonte, no Hotel Ouro Minas, e reuniu cerca de 500 pessoas, entre profissionais de saúde, colaboradores do Nupad e da Fundação Hemominas, gestores e técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), das secretarias municipais de saúde e representantes do controle social.

“O evento foi exitoso e validou o que temos feito na atenção ao paciente com doença falciforme. Foi uma possibilidade de reflexão”, declarou o diretor do Nupad e coordenador técnico do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG), José Nelio Januario, durante mesa de encerramento. Para ele, a Jornada confirma a importância do projeto “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde”, iniciativa do Cehmob-MG em parceria com o Nupad e Fundação Hemominas.

O projeto, que deu origem ao evento, busca a mobilização de gestores e a capacitação técnica e política dos profissionais e equipes das unidades básicas de saúde em doença falciforme. “Pelas manifestações e trabalhos apresentados aqui, percebemos que o Linha de Cuidados está assegurado. A meta é que a capacitação caminhe para a replicação, torne-se um processo permanente”, disse José Nelio. Para o diretor, a intenção é que ação chegue a todo o Estado, além de demais regiões do país: “Saímos daqui com mais entusiasmo, certos de que a Jornada levará à mobilização da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) na validação estadual desse projeto”.

De acordo com a médica da Fundação Hemominas e coordenadora técnica do Cehmob-MG, Mitiko Murao, o evento representa um compromisso a ser levado adiante: “Aprendi muito e a partir de agora temos que dar prosseguimento ao que foi selado aqui”.

A coordenadora do projeto Linha de Cuidados, Ana Paula Pinheiro,  disse que as dimensões da Jornada confirmam o sucesso da iniciativa. “Foi um grande público, muitas pessoas nas mesas, na apresentação dos trabalhos, o que resultou em algo bem diferente e integrado. Os profissionais compartilharam sua forma de trabalho, sua crença, os resultados da capacitação, e é isso que caracteriza o trabalho da atenção primária”, observou Ana Paula.

Público

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O público participante aprovou o evento. Para Adriana Barbosa, que tem doença falciforme e é diretora da Associação de Doença Falciforme de Uberaba, a Jornada significa orientação e conhecimento. “Espero que o que foi conversado aqui chegue aos profissionais, pois muitas vezes, somos nós, pacientes, que temos que orientá-los. Eu mesma só me sinto segura nos Hemocentros, pois já tive muita dificuldade com médicos que nem sabiam me assistir em uma crise de dor”, garante.

A mesma opinião é compartilhada por Valéria Torres, de Governador Valadares, mãe de duas crianças com doença falciforme e membro da Associação para a Doença Falciforme do município. Para ela, o que falta é informação: “Seria ótimo se todos tivessem acesso a esses encontros, pois sempre precisamos adquirir e aprimorar nossos conhecimentos”.

Para a enfermeira e coordenadora da Atenção Primária à Saúde de Capinópolis, Ana Cláudia, o evento foi muito rico e esclarecedor, com palestras variadas e vocabulário simples. “A Jornada despertou meu interesse. Minha intenção agora é unir a nossa equipe e desenvolvermos um trabalho de melhoria na assistência ao paciente com doença falciforme”, observou.

Trabalhos premiados

Dois trabalhos apresentados durante o evento foram premiados com uma viagem para o VII Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme, que será realizado em Salvador/BA, em novembro deste ano.

Na categoria apresentação oral, o prêmio foi para Denise Martins Vasconcelos, pelo trabalho “Caracterização dos eventos clínicos e das demandas assistenciais dos pacientes com doença falciforme triados pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG)”. Já no formato pôster, o trabalho vencedor foi “Acolhimento e vínculo na assistência prestada ao portador de doença falciforme e outras hemoglobinopatias em uma Unidade Básica de Saúde no município de Ibirité”, de autoria de Raquel Monteiro e Gleyson Geraldo Teixeira.

A banca de avaliação foi composta por profissionais do Nupad, Cehmob-MG e equipe técnica do projeto Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde.