Projeto sobre racismo e doença falciforme ganha financiamento e passa a ser de extensão

Ações tem objetivo de promover a conscientização sobre racismo institucional no âmbito da saúde e combatê-lo em diferentes instâncias

Neste ano, o “Racismo Institucional: doença falciforme e seus contextos sociais” está desenvolvendo atividades como projeto de extensão da Faculdade de Medicina da UFMG, por meio do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad). De acordo com a responsável técnica do Projeto, Isabel Pimenta Spínola Castro, a mudança se deve ao financiamento pelo Ministério da Saúde, aprovado no final de 2017, que institucionaliza o projeto, o qual funcionava desde 2015, com parceria entre Nupad e Fundação Hemominas, sem financiamento específico para suas ações.

Para Isabel, receber o recurso é a consolidação das ações e um avanço político. “A pessoa com doença falciforme passa por várias situações racistas, como menos acesso às políticas de educação e saúde, por exemplo, em função da sua cor. Isso prejudica e impacta a qualidade do atendimento prestado a elas”, comenta. “Ao conseguir financiamento para um projeto com o objetivo de combater e enfrentar o racismo, espera-se melhorar o atendimento na ponta e a qualidade de vida dessas pessoas”, continua Isabel.

Para isso, a proposta é contar com participação de gestores, profissionais e estudantes da área de saúde e educação nas atividades como oficinas regionais de empoderamento das associações de pessoas com doença falciforme, palestras para divulgação da temática e criação de grupo de estudos e de referência técnica com a participação de especialistas. “Agora o Projeto cresce, inclusive em abrangência. Por ser nacional, iremos capacitar profissionais dos cinco estados de maior incidência da doença: Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e Maranhão, além do município de São Paulo”, acrescenta Isabel.

Nestas capacitações será abordado o racismo institucional, suas formas de manifestação, considerando a doença falciforme e a importância dos gestores voltarem o olhar para o cuidado a essas pessoas. “Teremos participação em eventos científicos e oficinas presenciais nesses estados citados. Faremos capacitação do público externo, mas também teremos atividades para a comunidade acadêmica, como foi o Cortejo de Maracatu realizado em 18 de maio no campus Saúde”, conta Isabel.

O projeto recebeu financiamento para dois anos, mas há possibilidade de renovar o contrato por mais um período. “Quando as ações do projeto são reconhecidas como extensão de uma faculdade e universidade com o respeito que a Faculdade de Medicina da UFMG tem, ganha um grande impacto externo e aumenta seu reconhecimento, melhorando sua recepção em toda a comunidade”, finaliza Isabel.