Replicadores compartilham experiências na Linha de Cuidados

Profissional de Nova Lima compartilha experiências.

Profissionais de saúde de diferentes cidades mineiras compartilharam experiências exitosas na replicação do projeto “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde”, durante a mesa-redonda que encerrou o primeiro dia da Jornada Mineira de Atenção Primária à Saúde. Os profissionais foram aprovados no curso de educação à distância do projeto e se tornaram multiplicadores do conhecimento junto aos demais profissionais da equipe multidisciplinar.

Nova Lima

O processo de replicação em Nova Lima aconteceu junto às nove unidades básicas de saúde (UBSs) que atendem pacientes com doença falciforme. Como explicou a enfermeira Luciana de Oliveira, foi feita uma análise qualitativa da atenção primária voltada para o paciente e estabelecidas diretrizes de ação a partir de atividades educativas, implantação do fluxo de eventos agudos, além de sinais de alerta da enfermidade e rastreamento dos familiares de primeiro grau das pessoas com o traço e com a doença falciforme.

Para a profissional, é perceptível a apropriação do conhecimento por parte da equipe com o processo de replicação, mas muito ainda deve ser feito: “A replicação é o primeiro passo de um trabalho contínuo. Conseguimos sensibilizar e levar conhecimento, agora é preciso organizar um processo de trabalho e dar estrutura à unidade”.

Ibirité

Em Ibirité, foram 23 unidades básicas de saúde contempladas pela replicação. De acordo com o médico Gleyson Teixeira, foram em média seis oficinas realizadas em cada UBS com cerca de 14 participantes cada, na maioria enfermeiros.

Dentre os elementos facilitadores do processo de replicação, estão o uso do álbum seriado da doença falciforme e a realização do pré-teste junto aos membros da equipe. “Destaco também a participação e interação dos profissionais, a discussão de casos clínicos e a proximidade com que passamos a tratar o paciente com doença falciforme, trazendo a realidade deles para perto de nós”, garante Gleyson. A expectativa é que a replicação ocorra em outras unidades de saúde e que mais profissionais possam se tornam multiplicadores do conhecimento.

Betim

A enfermeira de Betim, Patrícia Hilária, destacou os aspectos positivos das oficinas de replicação que contemplaram profissionais de saúde das mais variadas áreas. “Muitos participantes admitiram não ter conhecimento sobre a doença falciforme antes de realizarmos os módulos de estudo. Para eles, o diferencial foi a informação passada de forma simples e objetiva, o que realmente contribui para o aprendizado”, declarou Patrícia.

Janaúba e Pirapora

Em Janaúba, foram dois meses de replicação com a participação de 60 agentes comunitários de saúde e dez técnicos de enfermagem. O número de acertos sobre a doença falciforme subiu de 55,2%, nos pré-testes (avaliação do conhecimento dos profissionais antes de participarem dos módulos de replicação), para 79,6%, nos pós-testes. “Em Pirapora, capacitamos uma equipe de saúde da família e duas estão em processo de capacitação”, observou a enfermeira Ludmila Gomes.

Para a profissional, a percepção geral é de que com o curso de replicação o atendimento ao paciente com doença falciforme passou a ser priorizado: “Muitos disseram que não sabiam lidar com o paciente de doença falciforme quando ele chegava ao posto de saúde. Agora sabem que são pessoas que merecem um olhar diferenciado”. Patrícia citou as visitas domiciliares que passaram a ser realizadas de forma mais duradora, a partir do roteiro proposto no curso à distância.

Ainda, durante a mesa-redonda, profissionais de saúde compartilharam experiências nas cidades de Montes Claros e Ribeirão das Neves.

“Nosso desejo é que mais leques se abram sobre as outras doenças diagnosticadas no teste do pezinho. É muito importante nos capacitarmos, ganharmos conhecimento para uma atuação melhor junto ao paciente”, resumiu Ludmila.

(Créditos: Bruna Carvalho)

Confira depoimentos do público presente na Jornada:

“Também realizei o curso à distância do linha de cuidados. Foi muito importante porque sabemos da doença falciforme, mas muitas vezes não sabemos como lidar diretamente com o paciente. Acredito que mais municípios devam ser envolvidos na capacitação, pois os profissionais precisam ser sensibilizados”.

Liliane Cruz, enfermeira da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, Belo Horizonte

“As discussões na Jornada têm sido muito boas para a atualização do setor de saúde. A doença falciforme é complexa, tem muitas complicações. O profissional precisa saber como iniciar o tratamento, abordar o paciente. Se a abordagem for adequada, o atendimento é correto”.

Patrícia Portilho, farmacêutica, Gerência Regional de Saúde de Manhumirim

“Já tenho contato com crianças e adultos com doença falciforme no posto de saúde, pois faço o teste do pezinho. Mas conheço as complicações da doença por alto e aqui estou aprendendo muito, sobre o sequestro esplênico e crise álgica, por exemplo. É a primeira vez que participo de um evento sobre a doença falciforme, mas agora quero me capacitar mais, pois minha meta é conhecer e passar conhecimento, compartilhar a dor do outro”.

Maria Lucília, técnica de enfermagem do Centro de Saúde de Ribeiro de Abreu