Livro de receitas para fenilcetonúricos está disponível no site do Nupad

As autoras do livro de receitas, Rita de Cássia e Michelle Rosa. (Créditos: Bruna Carvalho)
As autoras do livro de receitas, Rita de Cássia e Michelle Rosa. (Créditos: Bruna Carvalho)

Está disponível no site do Nupad o livro “Receitas para fenilcetonúricos e celíacos”, escrito pelas nutricionistas e professoras Michelle Rosa Andrade (Nupad/PUC Minas) e Rita de Cássia Ribeiro (UFMG), pela editora Folium. A obra traz 17 receitas entre bolos, biscoitos, panquecas, pizzas, pães e coberturas. Todas elaboradas para atender às restrições alimentares dos pacientes com fenilcetonúria e doença celíaca.

O tratamento das duas doenças baseia-se essencialmente em rigorosas restrições alimentares, disso dependendo a qualidade de vida dos pacientes. “A alimentação dos fenilcetonúricos e celíacos é muito semelhante no que diz respeito à restrição de produtos com farinha de trigo comum, aveia, centeio e cevada e existe uma dificuldade grande de encontrar opções para lanches e café da manhã, uma vez que a maioria dessas refeições leva farinha de trigo, além de ovos e leite, ingredientes proibidos para os pacientes com fenilcetonúria”, explica a nutricionista do Nupad.

A fenilcetonúria, doença genética diagnosticada pela triagem neonatal, conhecida como teste do pezinho, caracteriza-se pela ausência ou deficiência da enzima responsável por metabolizar o aminoácido fenilalanina, substância presente nas proteínas. A doença resulta no acúmulo de fenilalanina no sangue, o que causa lesão cerebral e retardo mental irreversível. Desta forma, na dieta destes pacientes é proibida a ingestão de alimentos como carnes, ovos, leites e derivados, ricos em proteína. Já a doença celíaca causa danos ao intestino delgado a partir da ingestão de glúten, outra substância proteica.

As receitas do livro buscam justamente substituir esses elementos a partir de refeições sadias que têm como base as seguintes farinhas: amido de milho, farinha ou creme de arroz, fécula de batata e polvilho. Segundo Michelle, o objetivo é proporcionar alternativas de alimentação com lanches saborosos, baratos e fáceis de fazer: “O diferencial é que todas as receitas oferecem opções de preparo que substituem o leite, ovos e farinha de trigo comum, ingredientes difíceis de serem trocados. Também não usamos a farinha de trigo especial com baixo teor de fenilalanina, recomendada aos fenilcetonúricos, mas de difícil acesso e bastante cara.” As receitas vêm com informações nutricionais e dicas de preparo. Para pesar os ingredientes, é sugerido medidores padronizados que podem ser facilmente comprados em lojas de utensílios de cozinha, a preço baixo. “Tudo isso facilita na hora de preparar os lanches”, garante.

Resultado de um projeto de pesquisa financiado pela PUC Minas a partir do edital FIP/PIBIC, em 2010, a obra foi desenvolvida pelas professoras, durante o ano de 2011, com a participação de duas acadêmicas do curso de Nutrição. Foram muitas receitas e experiências até o produto final: “Pesquisamos ingredientes que, associados com técnicas adequadas de preparo, resultassem em receitas com texturas e sabores excelentes. Focamos não apenas nas restrições alimentares desses grupos de pacientes, mas, principalmente, na satisfação proporcionada pelo comer”, define a autora Rita de Cássia.

Foram impressos 250 exemplares do livro para distribuição aos pacientes. “Desde o início nossa intenção era colocar o livro também online, para garantir a diversificação da dieta a baixo custo, não apenas para nossos pacientes, mas também para aqueles de outros programas de triagem neonatal em todo o país”, explica Michelle.

Receitas aprovadas

Para o paciente de fenilcetonúria Victor Hugo, de apenas 1 ano e 3 meses, o bolo de laranja, que está no livro de receitas, já está aprovado. Ele experimentou o lanche durante a oficina de culinária realizada no Centro de Educação e Apoio Social (Ceaps), do Nupad. “A nutricionista Michelle me ofereceu um pedaço durante a consulta e o Victor logo quis. Comeu e ficou querendo mais”, garante a mãe Franciane. Para ela, que também aprovou a receita, é sempre muito bom poder oferecer ao filho refeições diferentes: “Coisa diferente, ele adora. Eu também gostei muito, pois parece um pudim, não é igual aos outros bolos. Com essas receitas será ótimo, pois vou poder fazer coisas novas para ele, sair da rotina”, comemora Franciane.

Outra opção presente no livro é o bolo de banana, o preferido de Michelle: “De todos os bolos feitos para os pacientes, esse é para mim o mais saboroso e ficou muito fofinho, parecido de farinha de trigo comum. Não ficou solado nem quebradiço, como costuma acontecer. O biscoito de mel também fica delicioso, parecido com um sequilho ou quebra-quebra.” A receita do bolo de banana segue abaixo, com todas as instruções.

Para conhecer essa e outras receitas, acesse.

BOLO DE BANANA

Ingredientes
2 bananas médias amassadas (148,0 g – sem casca)
1 ½ xícara de chá de amido de milho (160,0 g)
1 xícara de chá de açúcar (160,0 g)
2 colheres de chá de fermento químico (7,0 g)
1 ½ colher de sopa de margarina (20,0 g)
½ colher de chá de essência de baunilha (2,2 g)
½ colher de chá de canela em pó (1,2 g)
1 colher de sopa de creme de leite (15,0 g)
½ xícara de chá de água (120,0 mL)

Técnica de preparo
Aquecer o forno por 10 minutos à 180ºC;
Untar um tabuleiro com margarina e polvilhar com amido de milho;
Colocar na batedeira a banana amassada, amido de milho, açúcar, fermento químico, margarina, essência de baunilha e a canela em pó;
Diluir o creme de leite em água e misturar aos outros ingredientes;
Bater por 5 minutos, aproximadamente;
Despejar a massa do bolo no tabuleiro untado e assar por, aproximadamente, 40 minutos.

Tempo de preparo: 1h e 10 minutos
Rendimento: aproximadamente 9 porções