Município de Durandé se destaca nas ações de triagem neonatal


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Sala de vacina na UBS Amigos da Saúde, no centro de Durandé. Foto: Rafaella Arruda.
Sala de vacina na UBS Amigos da Saúde, no centro de Durandé. Foto: Rafaella Arruda.

“Era época de chuva, de muito barro. Fiz a coleta do teste do pezinho, enviei no mesmo dia e na outra semana o Nupad ligou avisando da alteração para o hipotireoidismo. A agente de saúde pegou a moto, parou no meio do caminho e foi o restante a pé para chamar os pais para falarem comigo”, recorda a enfermeira Angélica Ramos sobre a primeira experiência com o diagnóstico para a triagem neonatal, ocorrida em 2012. “A mãe veio de charrete, porque não tinha como usar carro. O Nupad ligou na quarta, a consulta era na quinta em BH e o carro foi agendado na mesma hora. A mãe ficou um pouco apreensiva, preocupada. No outro dia, a criança estava em BH e já entrou em tratamento”, continua a enfermeira que é responsável pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Amigos da Saúde, em Durandé, município localizado na Zona da Mata mineira. A lembrança, que mostra a realidade do serviço de saúde em um município com abrangência rural e pouco menos de oito mil habitantes, revela também a importância do trabalho da equipe na rede de atenção à saúde.

Criada em 2004 como Programa de Saúde da Família (PSF), a UBS Amigos da Saúde é uma das três unidades de atenção básica de Durandé. Ela atende 830 famílias de seis microáreas rurais do município e possui três locais de funcionamento: no centro de Durandé e nos povoados de Igrejinha dos Vieiras e de Dores do José Pedro. “Lá temos tudo também, triagem neonatal, imunização, exames para toxoplasmose, preventivo, médico, dentista, equipe do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família)”, diz Angélica sobre o atendimento nos povoados. “A família sabe quando os profissionais vão estar lá, então, se não puderem esperar, elas vêm aqui no centro”, completa.

Indicadores para a triagem neonatal

De acordo com a coordenadora de Atenção Primária à Saúde de Durandé, Tereza Raquel Bassoto, o PSF Amigos da Saúde realiza em média 8 coletas mensais do teste do pezinho e, nos últimos 12 meses, não enviou nenhuma amostra considerada inadequada para análise pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad). Também, segundo dados do Nupad, executor do Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG) sob a gestão da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG), a equipe destaca-se por fazer a coleta de sangue do recém-nascido no prazo correto, entre o 3º e 5º dia de vida, e encaminhar a amostra em papel filtro para o laboratório no tempo recomendado.

Para manter os bons indicadores, Angélica destaca a importância do trabalho da equipe com as futuras mães. “Deve-se tanto à enfermeira e técnica quanto às agentes comunitárias de saúde (ACS) que sempre estão lá com as gestantes. Tentamos ser amigas da paciente, fazer com que ela confie em nosso trabalho e saiba a importância de realizar a triagem no período certo. A gente orienta, registra a data provável do parto para acompanhar. Quando ela vem na coleta, a criança já sai com a consulta marcada com a pediatra”, explica.

Angélica durante coleta da triagem neonatal. Foto: Equipe PSF Amigos da Saúde.
Angélica durante coleta da triagem neonatal. Foto: Equipe PSF Amigos da Saúde.

As profissionais citam também a nova lanceta utilizada para a coleta de sangue, o que, segunda elas, contribuiu para a qualidade da amostra. “Antes eu achava mais complicado com a outra lanceta, depois que mudou facilitou bastante”, diz a técnica de enfermagem, Monique Fidélis. Há três anos na equipe, Monique foi capacitada pelo Nupad em 2014 para os procedimentos de coleta, armazenamento e envio das amostras. Além dela, todos os demais membros da equipe, composta por nove profissionais, também participaram do treinamento promovido pelo Núcleo, em Belo Horizonte.

Diagnóstico e cuidado

Moradora de Dores do José Pedro, Ana Lúcia Rafael, de 16 anos, é uma das jovens acompanhadas pelo PTN-MG a partir do PSF Amigos da Saúde. Ela foi diagnosticada com doença falciforme pouco após o nascimento e iniciou o tratamento na Fundação Hemominas, em Belo Horizonte. “A gente saia daqui de Dores e ia de 30 em 30 dias”, lembra a mãe Obelina Maria que, além de Ana Lúcia, tem outros cinco filhos. “Ela cresceu e a viagem ficou mais pesada, pude transferir para Manhuaçu (Hemocentro) e agora tenho as consultas aqui, vamos de ano em ano”, acrescenta a dona de casa. O controle da doença é realizado também pelo médico no PSF.

Segundo a mãe, a resposta da filha ao tratamento sempre foi muito positiva: “Ela nunca teve crise, nunca teve dor, é uma menina bonita e saudável”. Ana Lúcia reforça: “Tenho uma vida normal, estou estudando, saio com a mãe para pescar, assisto TV e converso com as amigas”.

Obelina conta ainda que, após o diagnóstico da caçula Ana Lúcia, foi orientada pelo médico a realizar o exame para identificação da doença falciforme em toda a família. A filha Renilda, de 21 anos, também foi diagnosticada.

Obelina e as filhas, Renilda e Ana Lúcia, em frente à UBS em Dores do José Pedro. Foto: Rafaella Arruda.
Obelina e as filhas, Renilda e Ana Lúcia, em frente à UBS em Dores do José Pedro. Foto: Rafaella Arruda.

Além de Ana Lúcia, outra família atendida pelo PSF Amigos da Saúde e acompanhada pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais é Luziana Carlos, de 4 anos, criança citada no início da reportagem. Hoje, após o diagnóstico precoce para o hipotireoidismo congênito, ela mantém o controle da doença com medicação diária e exames periódicos feitos no próprio município de Durandé.

“Quando falou da alteração para o teste do pezinho, pensei que ela não ia andar, mas graças a Deus a gente fez o acompanhamento direitinho. Ela é uma criança normal, não teve nenhuma sequela. Tem toda saúde, brinca o dia todo, é muito inteligente, mas bem sapeca”, diz a mãe de Luziana, Ana Tereza de Oliveira. Ela, o marido e a filha moram em Córrego do Arrependido, também povoado de Durandé, e a cada seis meses comparecem à unidade no centro do município para consulta com a pediatra.

Ana Tereza explica que, no início, o acompanhamento da filha era feito na UBS e uma vez ao ano em ambulatório de Belo Horizonte. Após Luziana completar três anos, as consultas foram transferidas definitivamente para Durandé, o que contribuiu não apenas para a proximidade entre a equipe do PSF e a família, mas reduziu também o desgaste com as viagens. “Agora ela colhe sangue aqui, envia pra Belo Horizonte, o resultado vem para Dra. Cecília (pediatra), ela analisa, faz relatório e manda pra lá de novo”, resume a mãe.

Mérito de todos

Para as ACS da unidade, os ganhos na saúde básica do município refletem a responsabilidade e a confiança por parte das famílias que, cada vez mais, têm acatado as recomendações da equipe de saúde, dentro e fora da UBS. “Nas visitas a gente orienta a fazer o teste do pezinho. As mães sabem a importância”, diz Carla Neves, há oito anos no grupo. “Estou muito satisfeita com meu trabalho, veja que as pessoas confiam”, reforça

A equipe do PSF Amigos da Saúde, em Durandé. Foto: Rafaella Arruda.
A equipe do PSF Amigos da Saúde, em Durandé. Foto: Rafaella Arruda.

Roberta Juliana.

Também o clínico geral do PSF, Rodrigo Bertani, destaca o comprometimento dos profissionais e a integração com a família para a boa condução da triagem neonatal e de todos os demais serviços de saúde. “Temos a preocupação de conscientizar o usuário, informá-lo dos riscos e da importância de se manter a saúde. A família está sempre presente e trabalha junto conosco, de forma integrada. O maior beneficiário é ela e o mérito é de todos”, conclui.

Durandé

Segundo dados da Coordenação de Atenção Primária à Saúde de Durandé, o município conta atualmente com 3 UBS, todas elas cadastradas no PTN-MG e que promovem uma cobertura de 100% do município.

Durandé possui 7.852 mil habitantes e faz parte da Gerência Regional de Saúde de Manhumirim (dados SES-MG).

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