O pai na família é tema de roda de conversa

Pai compartilha experiência com demais participantes. (Créditos: Bruna Carvalho)
Pai compartilha experiência com demais participantes. (Créditos: Bruna Carvalho)

Qual a importância do pai na construção da família? O pai tem obrigação semelhante à mãe nas tarefas do dia a dia? E para uma criança em tratamento, a figura paterna é necessária? Quais os benefícios esse presença pode trazer? Essas foram algumas das reflexões feitas durante atividade de grupo no Centro de Educação e Apoio Social (Ceaps) do Nupad, realizada no dia 28 de agosto.

Com o tema “O papel do pai na formação do sujeito”, a dinâmica contou com aproximadamente 20 participantes. Dentre esses, apenas um pai: Ricardo, pai de Igor, paciente de fenilcetonúria: “Eu trabalho fora, fico dias longe de casa. Mas quando retorno, eu e minha esposa dividimos as tarefas. Gosto de acompanhar meu filho nas consultas, no tratamento, para saber o que acontece com ele”. Ricardo conta que ajuda nas atividades de casa e sabe a diferença que faz estar ao lado do filho. “O Igor gosta quando eu venho, quando estou com ele. Ele tem confiança em mim”, garante o pai.

O grupo, que também teve a presença de tias de pacientes e futuros pais, refletiu sobre a situação atual das famílias, os avanços, dificuldades e o novo perfil da mãe no lar. “Hoje o pai não é mais a base da casa. A mulher mudou, não é mais submissa, tem novos direitos e também deveres”, observou Luciene, que também possui uma filha com fenilcetonúria e busca dividir as responsabilidades com o marido. De acordo com outra mãe, Reni, as crianças também mudaram muito, estão mais espertas e informadas: “Hoje os filhos cobram mais a presença dos pais, têm mais liberdade de dizer o que sentem”.

Roda de conversa discute o papel do pai na família.(Créditos: Bruna Carvalho)
Roda de conversa discute o papel do pai na família.(Créditos: Bruna Carvalho)

No formato de uma roda de conversa, onde todos tiveram a oportunidade de expor suas opiniões, os participantes ressaltaram o valor de se compartilhar as tarefas, seja entre pai e mãe, ou com demais parentes. “A família toda precisa dar apoio. Quando minha irmã não pode vir com o filho para o tratamento, o pai ou eu acompanho”, disse Eliana, tia de Gustavo. No caso das crianças com fenilcetonúria, por exemplo, que precisam seguir restrições alimentares para se manterem saudáveis, o papel da família é fundamental. “Saber as limitações da criança facilita o tratamento, a família deve estar junta”, observou Camila, estagiária de Psicologia do Ceaps. Mesma opinião de Érika, mãe de criança que possui a doença: “É muito importante saber da dieta e segui-la corretamente. Mesmo que o pai não possa acompanhar, ele deve ter conhecimento do que se passa”.

Para Adriano, que tem anemia falciforme, o desejo de ser pai já o faz refletir sobre as responsabilidades de uma família: “Eu e minha esposa queremos muito um filho. Quando menino, minha mãe era mais presente, pois meu pai trabalhava muito”. Segundo ele, o cuidado deve ser do pai e da mãe e as tarefas divididas: “Isso não vale só para quando se tem uma criança doente, mas para tudo na vida. É o que desejo oferecer para meu filho”, garante Adriano.

Discutir sobre o papel dos pais na vida de uma criança é um tema ainda pouco abordado, sobre o qual se evita falar. Como explica a psicóloga do Ceaps, Cláudia Soares, foi pensando nessa necessidade que a atividade foi organizada: “Muitas vezes esse é um assunto velado, porque em muitos casos o pai é ausente. Mas, aproveitando o mês dos pais, pensamos em tratar do tema. Refletir e não omitir, dar voz às famílias. Com a proposta do trabalho em grupo, a ideia é que cada um tire suas próprias conclusões a partir da troca de experiências”.