Projeto Aninha celebra nascimento de Samuel

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Vilma e Samuel acompanhados da equipe do Cehmob/Projeto Aninha.

A mãe do recém-nascido Samuel, Vilma Aparecida, de 33 anos, foi mais uma gestante acompanhada pelo Projeto Aninha, iniciativa do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-BH) voltada para grávidas com doença falciforme. Moradora da pequena cidade de Capelinha, região rural do Vale do Jequitinhonha (MG), Vilma possui a alteração genética que se caracteriza pela má formação das hemácias do sangue e causa, dentre outras complicações, entupimento dos vasos sanguíneos, infecções, crises de dor e anemia, o que exige do paciente acompanhamento médico constante.

Samuel nasceu no Hospital Odilon Behrens, em Belo Horizonte, no dia 30 de abril, onde Vilma realizou todo o acompanhamento pré-natal junto à equipe médica do projeto. Com apenas sete meses, a gestação precisou ser interrompida devido a crises de dor sofridas pela mãe e restrições ao crescimento do feto. “Foi uma gestação complicada, como é frequente no caso da doença falciforme. O menino Samuel nasceu com apenas 995 gramas e precisou passar algumas semanas no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) neonatal, até recuperar algum peso e melhorar as funções respiratórias”, explica a médica Vanessa Fenelon, obstetra e ginecologista responsável pelos cuidados de Vilma desde os primeiros meses de gravidez.

De acordo com Vilma, que já havia perdido o primeiro filho há três anos, logo após um parto também prematuro, o momento mais difícil para ela e o marido foi saber que Samuel deveria, da mesma forma, ser retirado antes dos nove meses: “Quando disseram que meu filho deveria nascer com 28 semanas, tivemos muito medo de perdê-lo”. Agora que Samuel saiu do Hospital, Vilma está muito otimista. “Enquanto meu filho estava no CTI não podia pegá-lo nos braços, só tocá-lo. Depois das dificuldades, receber alta e poder voltar com ele para casa é minha maior alegria, agora só penso em coisas boas”, reconhece a mãe.

Trabalho em equipe

No início da gravidez, Vilma comparecia a Belo Horizonte mensalmente, para consultas médicas no Hospital Odilon Behrens e na Fundação Hemominas, instituições parceiras no Projeto Aninha. A partir de março, na companhia da irmã Clarissa, a gestante se instalou em BH até o nascimento do filho, para ser acompanhada mais de perto pela equipe multidisciplinar do Aninha, composta por obstetra, hematologista, enfermeiro, psicólogo e assistente social. “Esses profissionais, responsáveis por acompanhar as futuras mamães juntamente com os acadêmicos de Medicina, compartilham entre si o conhecimento, o que aumenta a qualidade no atendimento a essas mulheres”, afirma a médica Milza Januário, supervisora técnica do Cehmob-MG e uma das idealizadoras do Projeto Aninha.

De acordo com o acadêmico do 10º período de Medicina, Caio Antunes, que acompanhou Vilma desde o 4º mês de gestação, o fato mais marcante foi a necessidade de internação e interrupção da gravidez: “Foi um momento muito delicado para todos nós. Não me sentia preparado para o que viesse a acontecer, mas nos apoiamos uns aos outros e pudemos dar uma ajuda que acredito ter sido importante à Vilma naquele momento.” Para ele, o maior aprendizado com o Projeto é poder considerar e entender uma paciente em suas necessidades e receios. “Como acadêmico de Medicina, meu maior aprendizado é olhar uma gestante sob vários aspectos, respeitando a sua complexidade. Poder me colocar no lugar das Aninhas, dividir com elas algumas de suas dores e saber das limitações quanto à ajuda que eu posso oferecer… Tudo isso me tornou mais humano”, define Caio.

Atuando em parceria com a equipe do Projeto Aninha, representantes da Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Belo Horizonte e Região – a Dreminas – também contribuíram de forma importante, tanto no acolhimento quanto na oferta de condições logísticas para a permanência de Vilma em Belo Horizonte.

Criado em 2007, com financiamento do Ministério da Saúde, o Projeto Aninha é realizado em parceria com o Nupad, Fundação Hemominas, Secretaria de Saúde do Estado e secretarias municipais. Ao longo dos anos, o projeto soma mais de 160 grávidas cadastradas em Belo Horizonte, Região Metropolitana e também cidades do interior. Além do acompanhamento junto às futuras mães, o projeto realiza visitas técnicas e seminários eletrônicos para treinamento de equipes de saúde, bem como elabora manual e protocolo de atendimento às gestantes.