Projeto Aninha é apresentado durante Congresso de Psicologia Hospitalar

Psicólogas do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG) participaram do 9º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar e Fórum Internacional Psicologia e Hospital, realizado em Belo Horizonte entre os dias 22 e 25 de agosto. Durante o evento, que teve como tema central os desafios contemporâneos da psicologia hospitalar, as profissionais apresentaram o Projeto Aninha – Organização e Capacitação dos Cuidadores de Gestantes com Doença Falciforme – uma iniciativa do Cehmob-MG, com ênfase no trabalho multidisciplinar e intersetorial realizado.

Psicólogas do Cehmob-MG e Hospital Odilon Behrens durante Congresso de Psicologia Hospitalar. (Créditos: Bruna Carvalho)
Psicólogas do Cehmob-MG e Hospital Odilon Behrens durante Congresso de Psicologia Hospitalar. (Créditos: Bruna Carvalho)

“A gestante com doença falciforme enfrenta uma gravidez de alto risco, com possibilidade de complicações, internações, parto prematuro e abortamentos. Essa condição exige não apenas atenção clínica, mas suporte psicológico constante que deve estar disponível nos diferentes serviços que integram os níveis de atenção à saúde”, avalia a psicóloga do Cehmob-MG, Merupe Romanini.

Como explica a profissional, o Projeto Aninha busca, portanto, acompanhar as futuras mães que possuem a doença por meio de uma equipe multidisciplinar composta por médicos de diferentes especialidades, psicólogos, assistentes sociais e também acadêmicos: “Desta forma, garantimos não apenas a produção e troca de conhecimento técnico no atendimento à paciente, mas a valorização dos diversos aspectos psicossociais envolvidos. Contamos ainda com a parceria do controle social por meio do importante trabalho desenvolvido pela Dreminas, a Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Belo Horizonte e região Metropolitana”.

O Projeto Aninha também desenvolve um trabalho integrado com profissionais da psicologia hospitalar, parceria que tem trazido bons resultados. “No acompanhamento das gestantes, trabalhamos junto com as psicólogas do Hospital Odilon Behrens (HOB), responsável por atender a maior parte dessas mulheres. Isso nos coloca em contato mais próximo com os hospitais e torna nossa equipe não apenas multidisciplinar, mas multiprofissional”, declara Cláudia Soares, psicóloga do Cehmob-MG também presente ao Congresso.

Para a psicóloga do HOB, Liliane Santos, que acompanhou a apresentação durante o Congresso, a assistência à saúde não deve se restringir aos hospitais. É um trabalho em rede, que tem como princípio a integralidade. “Isso é o que ocorre no Aninha. A gestante que tem seu bebê no hospital continua sendo acompanhada e apoiada pela equipe do projeto, com quem já desenvolveu importantes vínculos e relações de confiança. Notamos, no ambiente hospitalar, como estas mulheres sentem-se esclarecidas e amparadas por uma rede de apoio, o que favorece uma melhor adaptação à situação”, define Liliane.

Troca de experiências

Segundo Merupe, falar do Projeto Aninha em um evento como esse é uma oportunidade de compartilhar experiências e mostrar que a proposta está dando certo: “Percebemos no Congresso que a maioria das questões relacionadas à psicologia nas instituições não é diferente da nossa, todos têm seus desafios. Por outro lado, aqui no Cehmob, além do acompanhamento dos casos do projeto, buscamos pensar o trabalho para a construção de políticas públicas que favoreçam melhorias no atendimento à população. Como psicólogas, temos aqui um espaço que foi gradualmente conquistado, reconhecido e respeitado”.

Durante a apresentação, a profissional destacou o papel dos acadêmicos de Medicina, Psicologia e Serviço Social que têm no Cehmob-MG a oportunidade de acompanhar pacientes junto à equipe multidisciplinar em um processo de formação pessoal e profissional. “Nosso objetivo no evento foi sensibilizar os demais profissionais para as questões da mulher que tem a doença falciforme. E assim apresentar nossa experiência na busca de estabelecer vínculos no atendimento à saúde, realizando um trabalho em rede”, declara Merupe.

Os demais profissionais presentes no Congresso puderem expor a experiência de trabalho dentro dos hospitais, a gravidade das situações enfrentadas e como é feita abordagem junto às famílias e equipe médica. Para Cláudia, ouvir o outro lado reforçou a ideia de valorização do trabalho integrado: “É possível perceber que compartilhamos a intenção de unir as áreas na atenção ao paciente”.

Premiação 

O trabalho apresentado durante o Congresso de Psicologia Hospitalar foi classificado como um dos melhores do evento, sendo contemplado com o CERTIFICADO MENÇÃO HONROSA na Modalidade Apresentação Oral.

Título completo: O TRABALHO DO PSICÓLOGO EM EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO “PROJETO ANINHA” – ORGANIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO DOS CUIDADORES DE GESTANTES COM DOENÇA FALCIFORME – DO CEHMOB/MG.