Psicóloga aponta os cuidados com a fenilcetonúria na adolescência

Cláudia falou de afetividade e sexualidade durante Encontro em Goiás. Crédito: APAE Anápolis.
Cláudia falou de afetividade e sexualidade durante Encontro em Goiás. Crédito: APAE Anápolis.

“Falar de afetividade e sexualidade na adolescência não implica em buscar controlar essa experiência, mas discutir e refletir a sexualidade como uma dimensão fundamental da vida de todos nós”, apontou a psicóloga do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), Cláudia do Couto. O tema, “Afetividade e sexualidade na adolescência: a fenil complica?”, foi apresentado pela profissional durante o 2º Encontro para Fenilcetonúricos do Estado de Goiás, em Anápolis, no dia 24 de fevereiro. Em palestra, a psicóloga discutiu questões específicas da fenilcetonúria com profissionais de saúde, jovens e familiares.

A fenilcetonúria, diagnosticada a partir da triagem neonatal, conhecida como teste do pezinho, consiste em uma alteração genética que compromete a capacidade do organismo em digerir proteína. Uma vez acumulada no organismo, a fenilalanina (aminoácido presente nas proteínas) pode causar lesões cerebrais irreversíveis. Por esse motivo, o tratamento se baseia em uma dieta especial que controla a ingestão de alimentos com fenilalanina, não sendo permitido o consumo de alimentos como carne, ovos, leite e derivados, entre outros.

“Os jovens com fenilcetonúria chegam à adolescência bem e vivem normalmente a sexualidade, mas essa fase é também momento de transgressão, como ocorre com todos os adolescentes”, explica Cláudia. No caso da fenilcetonúria, a transgressão ocorre normalmente em relação à dieta alimentar. Segundo a psicóloga, isso acontece porque, durante a infância, as crianças tendem a seguir as restrições alimentares tendo como foco a superproteção dos pais. Como a doença não desenvolve um sintoma direto, caso o tratamento ocorra corretamente, a tendência é que, ao chegar à adolescência, esse jovem deixe de seguir as limitações vividas na infância. “Por isso, a importância do empoderamento do tratamento no paciente e não nos pais”, pontua.

Síndrome da PKU materna

Durante o Encontro, a síndrome da PKU materna foi apresentada pelos pontos de vista médico e psicológico. A doença pode atingir os filhos de mães com fenilcetonúria quando, durante a gravidez, o nível de fenilalanina no sangue materno é elevado. Ou seja, quando a restrição a alimentos ricos em proteína não é seguida corretamente.

Público contou com profissionais de saúde, pacientes e familiares. Crédito: APAE Anápolis.
Público contou com profissionais de saúde, pacientes e familiares. Crédito: APAE Anápolis.

“A mulher com fenilcetonúria pode ter filhos, mas precisa planejar”, alerta Cláudia. Neste caso, como informa a profissional, é preciso que três meses antes da gravidez os níveis de fenilalanina no sangue sejam reduzidos: “Depois, durante a gestação, deve haver um acompanhamento médico sistemático das taxas deste aminoácido no sangue, para que não haja risco de transmissão ao feto”. Caso a transmissão ocorra, ainda que o bebê não tenha a fenilcetonúria, ele tende a desenvolver sérios agravos, como retardo mental, microcefalia, cardiopatia, retardo do crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer, entre outros.

Mais fotos e informações do evento no link.