Ceaps destaca o Dia da Não-Violência

Foto: Rafaella Arruda.
Foto: Rafaella Arruda.

Para marcar o mês em que é celebrado o Dia Internacional da Não-Violência (30 de janeiro), os grupos de Serviço Social e Psicologia do Centro de Educação e Apoio Social do Nupad (Ceaps) realizaram uma roda de conversa com pais e responsáveis por crianças em acompanhamento pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG). A partir de imagens e conceitos colocados aos participantes, foram abordadas as diferentes formas e consequências da violência.

Em referência à violência física, foi destacada a agressão contra a mulher. “A violência física pode ser só o início e gerar a violência psicológica”, citou o estagiário de Psicologia do Ceaps, Luiz Rodrigues. “Muitas vezes a mulher não denuncia uma agressão por medo, vergonha ou para proteger os filhos”, observou Nara de Lima, de Itaúna. A irmã dela, Neuza, opinou: “Muitas vezes a mulher não quer se expor. Tem medo do que as pessoas vão pensar dela”.

O grupo falou da violência sofrida pela criança no ambiente familiar. “A casa é a primeira escola da criança, então precisamos nos policiar muito, pois todas as ações servem de exemplo para os nossos filhos”, disse a assistente social do Ceaps, Kamilla Alves. Ela também citou o cuidado com a mídia: “Em algum momento a criança vai prestar atenção no que está passando na tv, por exemplo. Tudo isso contribui para construir sua identidade”.

A violência moral e psicológica também foram debatidas. “Às vezes não percebemos que estamos cometendo isso. Já vi muito, quando xingamos, desrespeitamos, chamamos de burro, ignorante”, destacou Vívian Bahia, do município de Mathias Barboza. Para Luiz, a agressão moral difere-se da psicológica por envolver não apenas o indivíduo, mas sua posição no meio social. “A pessoa é diminuída, como na internet, na TV. Ocorre com a mulher, na maioria das vezes”, citou. Ainda, sobre os danos psicológicos, o estudante comentou a dificuldade de se colocar no lugar do outro e saber a dimensão do que é sentido: “A violência psicológica está presente em todas as outras formas de violência e às vezes ignoramos a consequência porque não a vemos”.

Para Fabrício Marcelino, que escolheu a imagem de um assalto a banco, a situação pode levar a diferentes reflexões sobre a violência: “Por que ele está assaltando? Está no limite ou quer apenas dinheiro para ganhar a vida tranquilamente?”. Segundo a estagiária de Serviço Social, Alice Maciel, essas questões reforçam a ideia de que a violência gera a violência, apesar de não justificá-la: “O assaltante pode ter sofrido uma privação para chegar a este ponto”.

Violência e saúde

Para encerrar as discussões, o grupo abordou a relação entre violência e saúde. “Uma agressão pode estar ligada ao estresse dos pais passado para a criança. E eles devem passar amor e carinho”, defendeu Nara. “A violência pode ter consequências para a saúde da criança, como a depressão”, citou um outro pai, Ruan Alves.

Segundo Kamilla, a saúde não pode estar limitada à ausência da doença, mas também à qualidade de vida. “Uma criança precisa de um cenário agradável para se desenvolver bem, sem abalo psicológico”, pontuou a assistente social. Neste contexto, Kamilla apresentou para o grupo desenhos feitos por crianças para representar o que elas entendem por violência. Foram ilustrados brigas, racismo e agressão contra os animais.

Gandhi e a data

Como informado pelos representantes do Ceaps, o Dia Internacional da Não-Violência foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948 em homenagem ao líder pacifista Mahatma Gandhi, assassinado em 30 de janeiro desse ano. “Pacifista, Gandhi conseguiu a libertação pela não-violência, sem armamentos, visando amor e paz”, disse Alice. “Ele foi líder e ainda hoje é. Também devemos ser líderes e buscar a paz e justiça social. Nossa prática é que vai levar à não-violência”, ressaltou Kamilla.