Estudantes iniciam as atividades no PAE

Equipe do PAE formada por estudantes de Medicina, Psicologia e Gestão da Saúde. (Crédito: Milza Januário)
Equipe do PAE formada por estudantes de Medicina, Psicologia e Gestão da Saúde. (Crédito: Milza Januário)

Em agosto, alunos dos cursos de Medicina, Psicologia e Gestão de Serviços de Saúde da UFMG e da Faculdade de Ciências Médicas começam a atuar no Projeto Atenção Especializada (PAE), que busca criar conhecimento sobre as diversas especialidades médicas envolvidas no atendimento às pessoas com doença falciforme. A iniciativa é do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG).

“Será uma oportunidade de estar em contato com os pacientes da doença falciforme e auxiliar na elaboração de uma rede que irá trazer muito benefício para a saúde pública do Estado”, diz a aluna de Medicina do 9º período da UFMG, Ludmila Siqueira. Para Ana Carolina Araújo, do mesmo curso, a experiência já tem sido bastante válida: “Desde a preparação para o projeto, estamos aprendendo muito. Estou no 10º período do curso, mas ainda não havia tido muito contato com essa enfermidade”.

São, ao todo, dez acadêmicos selecionados para atuar no projeto. “Sempre que possível eles irão acompanhar os pacientes nas consultas com os médicos especialistas e colaborar na interação entre os ambulatórios, a Fundação Hemominas e o Cehmob”, explica a coordenadora executiva do PAE e também responsável pelo monitoramento dos estudantes, Milza Januário.

Os estudantes também irão manter o sistema de informação criado para organizar os dados gerados ao longo do projeto. O aplicativo permitirá aos integrantes da equipe médica conversarem entre si a partir de um banco de dados. Segundo Milza, cabe aos estudantes transcrever para o sistema os prontuários médicos: “Isso vai garantir a organização dos serviços e o controle do fluxo de encaminhamentos dos pacientes, com as informações sobre a doença”.

Em um período de dois anos, a partir do conhecimento adquirido, o PAE pretende produzir protocolos de atendimento que serão utilizados na rede assistencial de Belo Horizonte e, posteriormente, em todo o Estado de Minas Gerais.

A equipe do projeto é formada por médicos especialistas do Hospital das Clínicas da UFMG, da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA-BH), da Fundação Hemominas e do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG. Na área de gestão e assistência do projeto, estão profissionais de saúde como psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais.

Preparação

Antes de começar as atividades, os estudantes se prepararam durante todo o mês de julho. Foram dinâmicas e tarefas de grupo para estudar sobre a doença falciforme, os pacientes e o controle social, além, é claro, sobre o projeto em si. “É muito bom vê-los trabalhando, ganhando saber sobre o assunto, sempre a partir de uma visão de grupo e com foco no atendimento multidisciplinar”, declara Milza.

Acadêmicos do PAE se preparam para dinâmica da apresentação aos demais funcionários do Cehmob-MG. (Crédito: Milza Januário)
Acadêmicos do PAE se preparam para dinâmica da apresentação aos demais funcionários do Cehmob-MG. (Crédito: Milza Januário)

Os estudantes organizaram atividades de interação e se apresentaram aos profissionais do PAE, do Cehmob-MG, do Centro de Educação e Apoio Social (Ceaps) do Nupad e da Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Belo Horizonte e Região (Dreminas). “Nesse período de preparação, trabalhamos na criação da marca do projeto. Nossa sugestão foi aperfeiçoada até chegar à versão final”, explica a acadêmica Ana Carolina.

Agora, os estudantes iniciam a busca ativa e têm os primeiros contatos com os pacientes, antes de iniciar o acompanhamento de forma efetiva.

Expectativas

Além de acompanhar o fluxo de atendimento dos pacientes nas diferentes especialidades da atenção secundária, o PAE busca também trabalhar o vínculo destes pacientes com a atenção primária à saúde. Para Ana Luiza Biet, aluna do 6º período de Gestão da Saúde, a maior expectativa com o projeto é contribuir para a qualidade de vida dos pacientes com doença falciforme a partir do fortalecimento do vínculo com a rede básica. “E será preciso aprender a lidar com os limites das ações que podemos tomar, pois algumas vezes, as situações não estão ao nosso alcance”, garante a estudante.

Ver o projeto trazer benefícios diretos para os pacientes e suas famílias é também o que deseja a estudante de Psicologia da UFMG do 10º período, Bárbara Cassimiro: “Já tive no projeto a 1ª experiência junto a um paciente adolescente e sua mãe, o que foi muito válido para mim. Minha maior expectativa é que o PAE reflita o mais breve possível em bem-estar para essas pessoas”.

Para a estudante Ana Carolina, o projeto irá contribuir para uma visão integral do paciente: “Trabalharemos como equipe multidisciplinar e ao lado de especialistas de diversas áreas médicas. Isso me faz perceber, a cada dia, como é importante o atendimento do paciente das diversas especialidades, para abordá-los de maneira completa, eficaz e humanitária”.

Para Milza, essas experiências vão garantir aos estudantes mais que aprendizado acadêmico. “Os estudantes ganharão conhecimento em várias áreas, porque a doença falciforme é uma doença sistêmica, crônica. Mas também, para a vida pessoal, eles irão levar o aprendizado do trabalho em grupo, além de questões de humanização na atenção aos pacientes”, conclui a coordenadora.

Financiado pelo Ministério da Saúde, o Projeto Atenção Especializada resulta da parceria entre o Nupad, o Hospital das Clínicas da UFMG, a Fundação Hemominas e a SMSA-BH. Conta também com a colaboração da Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Belo Horizonte e Região (Dreminas), da SES-MG e das Secretarias Municipais de Saúde de outros municípios.