Proatividade marca ações de participantes do PAE

Convidadas a participar do Projeto de Atenção Especializada (PAE), desenvolvido pelo Cehmob-MG, as médicas Geralda Calazans e Maria Clara, ambas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), têm desenvolvido ações junto aos colegas de trabalho para replicar o conhecimento adquirido em momentos do projeto.

Além do compartilhamento das informações, a cardiologista infantil Maria Clara prepara aulas regulares aos funcionários do Posto de Atendimento Médico (PAM) Saudade para sensibilizá-los para o acolhimento ao paciente portador de doença falciforme, apresentar o PAE e discutir casos clínicos.

Para enriquecer a apresentação de uma aula, a médica convidou uma colega, técnica de enfermagem aposentada, que tem um filho com anemia falciforme. “Foi muito valioso o depoimento dela, além da grande participação da plateia”, recorda. “Foi interessante a surpresa de alguns de saber que o diagnostico é feito pela triagem neonatal (teste do pezinho), que é uma pratica diária deles”, conta a médica.

Já a pneumologista pediátrica Geralda Calazans faz parte de um grupo de pediatras pelo Programa de Educação Permanente da PBH, e é nesse ambiente que ela replica os conhecimentos adquiridos no PAE. “Também faço isso com os residentes de pediatria e medicina de família e comunidade que me acompanham na unidade em que trabalho”, conta.

“Quando iniciei no projeto PAE, via a criança com doença falciforme como uma pediatra geral, sabia tratar os quadros agudos e ponto, o resto ficava com o hematologista da Fundação Hemominas. Hoje, tento aprofundar no que seria possível intervir para prevenção dos eventos agudos e das complicações decorrentes da doença”, compara a médica. Para ela, é um modo diferente de assistência, que além de pensar no prolongar a vida, é pensar na qualidade de vida durante este tempo de vida a mais. “Somos proativos quando despertamos nos profissionais de saúde a necessidade de assistir o paciente com doença falciforme de forma integral”, conclui.

As ações são alinhadas ao principal objetivo do projeto, que é gerar conhecimento sobre as especialidades médicas envolvidas no atendimento ao paciente com doença falciforme para a elaboração de protocolos de atendimento a serem utilizados na rede assistencial de Belo Horizonte e, posteriormente, em Minas Gerais.

O PAM-Saudade, onde Maria Clara atua, é uma unidade de referência secundária, onde trabalham vários especialistas pediátricos. “Informar sobre o PAE e as complicações da doença falciforme é muito importante para o monitoramento e o diagnostico precoce das possíveis complicações”, reforça a médica. De acordo com ela, é fundamental divulgar a doença e as condutas básicas no cuidado com o paciente portador de doença falciforme para que o paciente possa ser acolhido por toda a equipe.

De acordo com Milza Januário, supervisora técnica do Cehmob-MG, esse tipo de ação estimula os demais e contribui para o melhor atendimento da pessoa com doença falciforme.

Ela conta que no dia seguinte a uma aula, observou uma funcionária repassando o conteúdo para quatro pessoas que não puderam comparecer. “A cirurgiã pediátrica falou que se eu tinha como objetivo sensibilizar, então eu alcancei este objetivo, pois ela ficou mais sensibilizada. Durante toda a semana foram muitos os comentários sobre a doença falciforme”, comemora.

Para Geralda, compartilhar conhecimentos é essencial em todo momento da vida de um médico. “Diante de um paciente com doença crônica é necessário capacitar paciente, pais e responsáveis, profissionais de saúde que compartilham a assistência para que tudo dê certo no controle da doença. Portanto, cada contato com o paciente é um aprendizado singular e mútuo”, finaliza.