Especialistas discutem o transplante na doença falciforme

Especialistas discutem dois casos neurológicos na doença falciforme.

Dois casos neurológicos envolvendo pacientes com doença falciforme foram apresentados em videoconferência realizada pelo Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG), no dia 13 de março. A atividade, que faz parte do Projeto Atenção Especializada para Doença Falciforme (PAE), buscou discutir entre especialistas a indicação de transplante de medula óssea para os pacientes.

Os casos clínicos, da Fundação Hemominas de Sete Lagoas, foram levados à discussão devido à alta gravidade e por demanda dos próprios médicos assistentes. Eles foram apresentados pela pediatra Marília de Oliveira e a hematologista Cristina Paiva.

O transplante não foi indicado para nenhuma das duas situações. “Para um deles não havia doador, o que nos possibilitou debater sobre as modalidades alternativas de transplante, como o haploidêntico (em que a compatibilidade entre paciente e doador – geralmente pai ou mãe – é de 50% e não 100%) ou com doador não aparentado”, explica a coordenadora técnica da atividade, a hematologista da Fundação Hemominas de Belo Horizonte, Ana Karine Vieira.

Convidada especial da videoconferência, a hematologista da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto, Belinda Simões, fez uma breve explicação sobre as novas formas de transplante que, futuramente, poderão ser uma alternativa para o paciente com doença falciforme, sem doador compatível.

O transplante também não foi indicado no segundo caso, por se tratar de evento avançado e com complicações que levariam a um elevado risco de mortalidade durante o procedimento. Como alternativa, os especialistas discutiram sobre a associação do medicamento hidroxureia com a hipertransfusão sanguínea.

Para a supervisora técnica do Cehmob-MG, Milza Cintra, a atividade possibilitou aprender sobre as questões neurológicas e conhecer as dificuldades e vantagens envolvidas no transplante de medula óssea, prática ainda nova entre os hematologistas. “Apesar de nenhum dos casos poderem ser beneficiados pelo procedimento, as médicas ficaram muito mais tranquilas com as condutas que já estão tomando em relação a seus pacientes”, declarou.

A videoconferência foi a segunda realizada pelo PAE. A primeira ocorreu em dezembro de 2013 e discutiu a neurologia na doença falciforme. Para saber mais, leia: Videoconferência aborda a neurologia na doença falciforme.

PAE

O Projeto Atenção Especializada é um projeto de extensão desenvolvido pelo Cehmob-MG, parceria entre o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG e Fundação Hemominas. Ele está em vigor desde fevereiro de 2013 e tem como objetivo principal gerar conhecimento sobre as diversas especialidades médicas envolvidas no atendimento ao paciente com doença falciforme para a elaboração de protocolos de atendimento a serem utilizados na rede assistencial de Belo Horizonte e, posteriormente, no Estado de Minas Gerais.