Nupad orienta sobre coleta para triagem neonatal

Coleta deve ser realizada entre o 3º e 5º dia de vida. Foto: Denise Reis.
Coleta deve ser realizada entre o 3º e 5º dia de vida. Foto: Denise Reis.

Exame laboratorial feito a partir da amostra de sangue seco do recém-nascido, a triagem neonatal, conhecida como teste do pezinho, é o procedimento capaz de identificar diversas doenças congênitas, em geral assintomáticas no período neonatal, que causam sequelas graves e podem levar ao óbito se não diagnosticadas precocemente. Para capacitar profissionais de saúde envolvidos com a triagem neonatal, o Nupad, responsável por viabilizar o Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG), realizou, nos dias 17 e 18 de fevereiro, no auditório da Escola de Enfermagem da UFMG, o primeiro curso de capacitação do ano. Participaram cerca de 90 profissionais de diferentes municípios, como enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e técnicos de laboratório, entre outros.

Conforme explicado no treinamento, para que o bebê diagnosticado com alguma das doenças da triagem neonatal receba o tratamento no prazo adequado, de forma a evitar sequelas graves, a orientação é que a coleta de sangue em papel filtro seja feita entre o 3º e 5º dia de vida e segundo procedimentos que garantam a qualidade da amostra. “Com uma amostra inadequada será necessário fazer nova coleta, o que prolonga o processo da triagem, atrasa a liberação do resultado e o diagnóstico precoce, podendo prejudicar o início do tratamento”, explica o enfermeiro do Nupad, Bernardo Romanelli, um dos responsáveis pela capacitação.

Coleta

Durante as aulas, os profissionais puderam rever e simular as etapas de coleta, conservação e envio das amostras de sangue ao Nupad. Após preparar o material enviado pelo Núcleo, como envelopes, etiqueta, papel filtro, lanceta e suporte para secagem, cabe ao profissional, no momento da coleta, receber e informar a família sobre a importância do teste.

Profissionais de saúde simulam a coleta da amostra para triagem neonatal. Foto: Rafaella Arruda.
Profissionais de saúde simulam a coleta da amostra para triagem neonatal. Foto: Rafaella Arruda.

“Após posicionar o bebê da melhor forma, deve-se identificar o local correto para punção do calcanhar, nas porções laterais da região plantar, e realizar a antissepsia”, orientou Bernardo. Depois da punção e descarte da primeira gota, é preciso aguardar a formação de uma grande gota e das seguintes para preenchimento do papel filtro. “É necessário que o sangue atinja obrigatoriamente o verso do papel filtro para que a análise do laboratório seja possível”, ressaltou.

Armazenamento e envio

Uma vez seca, por no mínimo três horas, e acondicionada, a amostra deve ser encaminhada ao Nupad em envelope previamente identificado, onde será analisada. Os resultados serão disponibilizados para as unidades de saúde, no portal do Nupad, três dias após o recebimento da amostra pelo laboratório. Ainda, segundo o enfermeiro, se não for possível o envio aos Correios no dia da coleta e, caso a unidade possua geladeira disponível, as amostras deverão, após secagem, ser colocadas dentro dos envelopes, acondicionadas em uma caixa de isopor e guardadas: “No dia seguinte, a amostra deve ser encaminhada o mais breve possível”.

Para a técnica de enfermagem de Belo Horizonte, Edelweiss Parreira, a informação sobre o armazenamento da amostra foi um grande aprendizado: “Costumava colocar a amostra na porta da geladeira. Não sabia, por exemplo, que precisava de recipiente e que a mudança de temperatura nesse local poderia atrapalhar a qualidade da amostra, como foi explicado”. De acordo com a enfermeira Juliana Lima, de Betim, apesar da coleta já ser uma rotina de trabalho, ela reconhece que as aulas ofereceram mais segurança: “Nos dá outra visão e possibilita realizar um trabalho mais qualificado”.

Doenças e triagem pré-natal

Além das orientações sobre as amostras, os profissionais tiveram aula sobre cada uma das seis doenças diagnosticadas pelo PTN-MG: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Outro tema foi o Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita de Minas Gerais (PCTC-MG), voltado a todas as gestantes do estado para o diagnóstico precoce da toxoplasmose.

“Estou no município há pouco tempo, então o treinamento foi excelente, pois aprendi coisas que não sabia, principalmente sobre as doenças, porque tinha uma noção muito superficial”, disse a enfermeira Dardânia Souza, de Sabará. Para a enfermeira Aynara Vianna, de Januária, a expectativa agora é de transmitir o conhecimento para outros colegas: “Vamos multiplicar o que aprendemos na nossa unidade e em todas as demais do município”.